As moradoras do bairro do Tapanã contempladas pelo “Donas de Si”, iniciaram a segunda etapa do programa de capacitação profissional da Prefeitura de Belém, por meio do Banco do Povo de Belém. Nesta terça-feira, 31, elas voltaram à cozinha pra ter o aprendizado testado, no refeitório da Escola Municipal Gabriel Lage da Silva. As boas práticas das alunas foram observadas por professores da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Federal do Pará (UFPA), que, ao final recolheram amostras da produção para análise nos laboratórios da instituição.
A dona de casa Elizabeth Viana dos Santos revela que fazer o curso de processamento de frutas e produção de doces a tirou da depressão em meio a um processo de separação conjugal. Agora, ela vislumbra abrir o próprio negócio em parceria com Diana Farias, que conheceu no curso. “Vai ajudar em casa”, afirma, sorridente. Elizabeth é mãe de uma adolescente e sobrevive dos repasses do “Bora Belém” e do trabalho eventual como cozinheira, que lhe confere a renda extra de R$ 280.
Já Carmen Lúcia dos Santos, que comercializa bolos de pote, quer ampliar a oferta de produtos: “Pretendo continuar para eu ter uma coisa melhor pra mim, pra vender na frente de casa, geleia e cocada”. Outra que está confiante em obter autonomia financeira é Eliete Mácola, que está vendendo as cocadas que aprendeu no curso e até criou novas receitas do produto: “Criei também cocadas de limão. Apostei e, graças a Deus, deu certo. Ficou bem saborosa. Vendi 100 unidades na vizinhança e na rua, durante o fim de semana”, conta.
“As participantes estão elaborando os produtos que aprenderam no curso. Hoje, elas farão a geleia de pimenta e a cocada de maracujá e, amanhã, outra turma fará doce de cupuaçu e geleia de maracujá com manga”, explicou a professora Francília Campos, mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, que ministrou o curso em julho, por meio da parceria do Banco do Povo de Belém com os Sistemas Nacionais de Aprendizado da Indústria (Senai) e Rural (Senar).
O desempenho das donas de si também foi observado por professores e alunos da Faculdade de Alimentos, que observaram as boas práticas no manuseio de alimentos. “Estamos participando do projeto de extensão firmado junto à Prefeitura de Belém para acompanhar toda a parte prática do curso que elas já fizeram. Nosso papel é fazer uma supervisão para depois discutir aquilo que pode ser ainda melhorado”, disse a professora Consuelo Souza, coordenadora do Laboratório de Microbiologia da UFPA. O vice-diretor da Faculdade de Engenharia de Alimentos, professor Eder Araújo, também participou da atividade.
As amostras produzidas pelas donas de si foram coletadas para análise de Microbiologia e também no Laboratório Físico-Químico, a fim de atestar a composição, a qualidade e a validade dos alimentos produzidos.
No dia anterior, as donas de si receberam a palestra da equipe da Divisão de Vigilância Sanitária (Devisa) da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) para a obtenção de carteiras de manipuladoras de alimentos. E, na próxima quinta-feira, elas receberão uma oficina da equipe do Banco do Povo de Belém sobre definição de preços, que vai orientar como calcular o custo da produção e o valor da mão de obra.
Texto: Enize Vidigal