A Prefeitura de Belém, por meio do Banco do Povo e do programa Donas de Si, vai atender mulheres organizadas na capital paraense pelo Movimento de Atingidos por Barragens (MAB): num primeiro momento, vai disponibilizar a oferta de cursos de qualificação profissional do programa gratuito Donas de Si. E, futuramente, oferecerá o crédito solidário para apoiar os pequenos negócios dessas mulheres. O assunto foi tratado no último dia 2 de fevereiro, com representantes do MAB e do Coletivo Fênix de Mulheres Jurunenses.
Na capital paraense, o Donas de Si já qualificou 2.402 pessoas, enquanto o Crédito Solidário aplicou R$ 1,6 milhão em 537 operações de microcrédito.
Cleidiane Vieira, da coordenação do MAB, explicou que o movimento desenvolve um trabalho junto a grupos de mulheres do Jurunas e de outros bairros com o emprego da “Arpillera”(manifestação artística popular chilena que consiste na reprodução de cenas cotidianas através da customização de retalhos de tecidos). A técnica é usada, pelos grupos do MAB, como forma de expressão da consciência crítica sobre a realidade atual dessas mulheres.
“Aumento excessivo do calor”
“A partir dessa experiência com o trabalho das ‘arpilleras’, viemos buscar, para apoiá-las, a parceria com a Prefeitura através do Banco do Povo. Resgatamos essa técnica para denunciar como as mudanças climáticas têm impactado a vida das mulheres atingidas por barragens, como o aumento excessivo do calor e da chuva”, relatou Cleidiane.
A coordenadora-geral do Banco do Povo de Belém, Georgina Galvão, confirmou a possibilidade de atendimento pelo Donas de Si: de forma descentralizada, dentro do território do Jurunas. “Elas vieram conhecer os programas que desenvolvemos no Banco. Vamos avaliar como as demandas irão se apresentar para avaliar como será o atendimento”, antecipou Georgina.
Corte e Costura & Cardápio
Ao conhecer alguns dos cursos ofertados pelo Donas de Si, as representantes do MAB e do coletivo Fênix demonstraram interesse pelos de Básico de Corte e Costura e de Planejamento de Cardápio com o Aproveitamento Seguro de Alimentos. “Queremos que esse atendimento chegue ao Jurunas, onde estão a maioria das mulheres atendidas pelo MAB, mas também queremos para levar mulheres de outros bairros onde desenvolvemos atividades”, contou Cleidiane.
O atendimento de grupos em vulnerabilidade social, especialmente de mulheres, está no centro da criação do programa Donas de Si. A maioria das turmas é destinada à inscrição aberta da população, mas uma parte é reservada ao atendimento das pessoas que mais precisam, e, por isso, já foram atendidos grupos de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, indígenas warao, pessoas em situação de rua e LGBTQIAP+, entre outros.