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Prefeitura apresenta projeto da Economia do Cuidado em conferência internacional

• Atualizado há 1 ano ago

A XV Conferência Regional sobre a Mulher da América Latina e Caribe reúne lideranças internacionais em Buenos Aires, na Argentina. E nesta quarta-feira, 9, teve a apresentação do projeto-piloto instalado em Belém para a implantação do Sistema Municipal de Economia do Cuidado, resultado da parceria entre a Prefeitura Municipal, ONU Mulheres e Open Society Fundations. O projeto foi apresentado pela coordenadora-geral do Banco do Povo de Belém, Georgina Galvão, representando a Prefeitura de Belém.

A conferência ocorre desde a última segunda-feira, 7, e vai até a sexta-feira, 11. Outra representante municipal no evento, foi a coordenadora Antirracista (Coant), Elza Rodrigues.

Georgina participou nesta quarta-feira, 9, da mesa “Entre as Tramas Sociais e o Estado: Experiências territoriais e comunitárias de cuidados”, da qual também participaram representantes do Cidades Feministas (CISCSA), de Córdoba, Argentina; Associação Civil Lola Mora, da Argentina, INMUJERES, do México; Prefeitura de Bogotá, da Colômbia; Ministério Nacional de Obras Públicas, da Argentina; UNOPS e os escritórios da ONU Mulheres do Brasil e da Argentina.

Georgina Galvão disse que a experiência de Belém será exemplo para o Brasil e o mundo.

Parceria do cuidado

Em março deste ano, a Prefeitura de Belém, ONU Mulheres e Open Society assinaram a parceria para a implantação do projeto intitulado “Construindo caminhos em direção a um sistema integrado de cuidados em Belém do Pará: reconhecimento, redistribuição e compensação para o trabalho de cuidados”. O projeto tem duração de 27 meses.

“Iniciamos o mapeamento da realidade de cuidado nos territórios de Belém, de forma participativa, com as mulheres organizadas em movimentos sociais, identificando o que elas fazem ou recebem como cuidado e que tipo de redes acessam, sejam comunitárias ou públicas”, explicou Georgina. “Buscamos compreender as necessidades e prioridades delas, especialmente aquelas que enfrentam múltiplas formas de discriminação, como indígena, rural, negra, migrante, com deficiência, mulheres LGBTQI+ e outras”, completou. 

Georgina enfatizou na conferência que, em paralelo, serão identificadas as lacunas de conhecimento das mulheres em relação a políticas de cuidado. Também será feito mapeamento de serviços existentes e identificação de mecanismos de participação social.

Georgina ao lado da representante da ONU Mulheres no Brasil, Anastasia Divinskaya.

Diálogo

“A Prefeitura trabalha com processo participativo de diálogo permanente com a sociedade para a definição de prioridades, através do programa Tá Selado”, explicou Jorgina. “Ao mesmo tempo, geramos informações para a oferta de formação e consciência cidadã e de capacitação profissional para as mulheres, a fim de credenciá-las ao mercado formal de trabalho ou às iniciativas de empreendimento econômico individual ou associativado”.

Ela também ressaltou que será organizado um projeto-piloto de sistema municipal integrado de cuidados, com reconhecimento do valor do trabalho remunerado e não remunerado, que responda às necessidades das mulheres e dos que necessitam de cuidados e que promova uma cultura de corresponsabilidade em Belém do Pará. 

Com esta prática, a gestão municipal acredita que a experiência de Belém seja a porta de entrada para muitas experiências no Brasil, possibilitando muitas trocas com a América Latina e Caribe e com o mundo.

“A utopia é que as mulheres, uma vez despertas sobre a divisão sexual do trabalho, sobre a precariedade do trabalho que dispõem, sobre a carga ‘natural de cuidado’ que está sobre seus ombros e sobre a possibilidade de empoderamento e autonomia, estarão prontas para outras pautas da vida e do mundo, como o cuidado com o ambiente em que vivem, a defesa da natureza, defesa de um mundo saudável para todos e certamente a defesa da Amazônia”, finalizou.

Economia do Cuidado

Da plateia, Elza Rodrigues, da Coant, comentou sobre o evento:

“A importância de falar da economia do cuidado nesta conferência é que nós, mulheres, carregamos nas costas praticamente a economia do mundo. Sem as mulheres, as donas de casa, a economia não iria funcionar, mas, infelizmente, nós, que promovemos a riqueza do mundo, temos que enfrentar a tripla jornada de trabalho, cuidamos, mas não somos cuidadas como deveríamos, especialmente no âmbito do poder institucional, por conta da violência, da misoginia e da discriminação por gênero. Nós nunca recebemos a devolução daquilo que economicamente, que afetivamente e socialmente nós contribuímos”, destacou Elza.

Simbólico

“É muito simbólico que a primeira iniciativa de sistemas de cuidado no Brasil tenha início em Belém do Pará, a cidade que deu o nome à Convenção Interamericana para a Prevenção, Punição e Erradicação da Violência contra a Mulher. Nós, a ONU Mulheres e Open Society Foundation, temos orgulho da nossa humilde contribuição, que estamos mudando as vidas de diversas mulheres de forma melhor e decente”, afirmou a representante da ONU Mulheres Brasil, Anastasia Divinskaya.

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