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Mulheres da Terra Firme recebem oficinas de empreendedorismo

• Atualizado há 7 meses ago

Cerca de 70 mulheres do bairro da Terra Firme, em Belém, receberam um novo estímulo ao empreendedorismo com uma maratona de oficinas ofertadas pela Prefeitura de Belém em cooperação com o Instituto Rede Mulher Empreendedora. Foram quatro dias de aula do “Ela Pode”, programa apoiado pelo Google. As aulas aconteceram na última semana de agosto, na Paróquia São Domingos Gusmão. Ao final do “Ela Pode”, as mulheres receberam a oficina preparatóriaára acessar o Crédito Solidário, da Prefeitura, e tiveram uma roda de conversa com a ONU Mulheres sobre economia do cuidado.

Entre as participantes estavam muitas alunas do programa de qualificação profissional Donas de Si e do programa de renda cidadã Bora Belém, ambos da Prefeitura de Belém. Uma elas foi a costureira Deisilene Cordovil, de 45 anos, que cursou “Formação de preço ao vendedor” e “Técnicas de costura: consertos e ajustes” pelo município. “As oficinas foram didáticas, trouxeram confiança para tocar o negócio e também despertaram emoções. Acabei chorando. Eu tenho uma pequena loja e percebi nas oficinas uma falha que eu estava tendo: misturava as despesas pessoais com as do negócio”, contou. Agora, ela deseja comprar uma máquina de costura nova com o Crédito Solidário.

Aluna observa o panfleto com as informações do Crédito Solidário.

“Foram cinco dias muito gratificantes. Achei ótimo”, declarou Adriana Amador, de 40 anos, beneficiária do Bora Belém. “Eu trabalho com alimentação, vendo quentinhas e lanches na porta de casa, além de chope de frutas. Aprendi muita coisa aqui. Eu vendia, mas não tinha controle do estoque e das vendas. Gastava o dinheiro do lucro do chope e ficava sem dinheiro para comprar os produtos para fazer mais chopes. Recebemos dicas de gerenciamento do negócio”, disse Adriana. Ela planeja acessar o Crédito Solidário para ampliar o estoque.

Empoderamento feminino

“Esse é mais um passo para a qualificação das mulheres pelo Donas de Si”, informa a coordenadora-geral do Banco do Povo, Georgina Galvão. O programa já qualificou 2 mil pessoas e deve atingir 4 mil até 2024, em Belém. “Além de preparar profissionalmente para o mercado de trabalho ou para empreender, é necessário apoiar a autonomia financeira. Essas oficinas são um pós-Donas de Si, voltadas ao desenvolvimento pessoal e profissional pleno”.

Georgina explicou como funciona outro programa do Banco, o Crédito Solidário, e como as empreendedoras da Terra Firme podem acessar o serviço, que oferece até R$ 5 mil para pessoas físicas e até R$ 10 mil para pessoas jurídicas, com pagamento parcelado e juros baixos. O crédito pode ser empregado para adquirir mercadorias, adquirir equipamentos ou ampliar as instalações do pequeno negócio. O Banco do Povo já liberou R$ 1,078 milhão para atender pequenos empreendedores de vários bairros e distritos de Belém.

“Estivemos com mulheres poderosas e potentes desenvolvendo quatro dias de oficinas com temas diversos, como autoconhecimento, liderança, empreendedorismo, finanças do negócio, network, vendas e muito mais”, conta a mentora do “Ela Pode”, Flávia Raiol. “O objetivo do programa da Rede Mulher Empreendedora, que atua no empoderamento de mulheres, é estimular o empreendedorismo, fortalecer a mulher, mostrar que ela tem potencial e que ela está com as oportunidades na mão, só precisa se qualificar, se organizar e desenvolver cada vez melhor o trabalho que já faz para gerar melhor resultado”, acrescentou Flávia.

Cuidado

Já a assistente do programa de Empoderamento Econômico da ONU Mulheres – braço da Organização das Nações Unidas (ONU) dedicado à igualdade de gênero -, Fernanda Rebelato, falou sobre o Sistema Municipal do Cuidado, que vem sendo instituído pela ONU por meio de um projeto-piloto em Belém, em parceria com a Prefeitura. “O cuidado é formado pelas atividades diárias que a sociedade atribui como papel da mulher, sobrecarregando-a. As mulheres gastam o dobro do tempo em atividades domésticas (em comparação aos homens). Elas têm metade do tempo para estudar e gerar renda para si. É uma questão de desigualdade”, explicou Fernanda.

Ele disse ainda que os cuidados não remunerados e os remunerados, que, no segundo caso, resultam em baixos salários porque são desvalorizados, na maioria das vezes são desempenhados por mulheres negras. “A gente é levada a crer que não precisa de profissionalização para cuidar de uma criança ou de um idoso”, exemplificou Fernanda Rebelato.

Política pública para a economia do cuidado

“O objetivo do projeto junto à Prefeitura de Belém é pensar a política pública na municipalidade que atenda à economia do cuidado. Esse projeto quer trabalhar quatro eixos: dentro das famílias, com campanhas de mobilização voltadas para os homens e a divisão de tarefas; nas comunidades, como é possível lidar com as demandas de cuidados de forma cooperada, como rede de apoio; no setor privado, como pensar a política dentro das empresas; e ter a responsabilidade do poder público em apoiar a mulher, seja com uma creche, onde ela tenha como deixar o filho em segurança para estudar ou trabalhar, por exemplo”, apontou Fernanda.

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