A oferta do curso de Empreendedorismo Digital para os indígenas Warao refugiados em Belém, que produzem artesanato, foi o assunto da reunião realizada na tarde desta sexta-feira, 30, entre representantes da Prefeitura de Belém, no caso, do Banco do Povo e da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), assim como da Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (ACNUR), da ONG Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). O encontro aconteceu na sede do Senac. O curso está previsto para ocorrer no próximo mês de novembro.
Turma exclusiva – O curso será realizado pelo Senac dentro do contrato de prestação de serviços de qualificação profissional firmado pela Prefeitura de Belém, por meio do Banco do Povo. Quinze indígenas Warao, que residem na cidade, terão uma turma exclusiva de Empreendedorismo Digital.
Bolsa de estudos – A assistente sênior de campo da ACNUR, Tamajara da Silva, anunciou que os indígenas terão uma bolsa de estudos para ajuda de custo, enquanto a psicóloga Eliene Souza, do Centro de Inclusão Produtiva da Funpapa, confirmou a designação de quatro intérpretes para ajudar os indígenas no processo de ensino e aprendizagem.
“Temos o programa Donas de Si, que vem ofertando uma série de cursos de qualificação profissional gratuitos à população de Belém. O nosso objetivo é apoiar a nossa gente com ferramentas de acesso ao emprego e à renda. E, agora, vamos atender os refugiados também”, observou a coordenadora-geral do Banco do Povo, Georgina Galvão, durante a reunião.
Segundo Eliene Souza, atualmente, existe uma conta do Instagram em que os Warao postam a participação deles em feiras e eventos, mas o perfil é administrado com o auxílio de terceiras pessoas.
Empreender – “A ideia é dar autonomia para que eles mesmos possam gerenciar as contas (perfis em redes sociais) deles, começarem a cuidar dos próprios negócios, empreender e aumentar o público de vendas que eles têm”.
Já o antropólogo Vítor Gonçalves, do IIEB, observou que os indígenas que serão atendidos pelo curso já estão inseridos na cadeia produtiva do artesanato. Três deles residem no Espaço de Acolhimento da Funpapa, situado no bairro do Tapanã, enquanto os demais moram em comunidades do distrito de Outeiro.
Artesanato – “Hoje, entre as cadeias produtivas, a do artesanato é a que está mais estruturada em que eles conseguem ter acesso à matéria-prima, eles já sabem produzir”, informou Vítor. “Eles não conhecem um modelo de negócio para venda digital. A gente acredita que, para além de fortalecer e difundir a cultura Warao, (o curso) vai ser uma oportunidade de comercializar essas peças também”.
Também participaram da reunião, a assessora de Planejamento do Banco do Povo, Jane Silva; a antropóloga Nádia Fernandes, que administra o Espaço de Acolhimento do Tapanã; o coordenador de Relacionamento com o Mercado do Senac, Márcio Takemura; a gerente de Desenvolvimento Educacional do Senac, Patrízia Galiza; e Marília Flora Ferreira, assistente técnica.