Quinze indígenas da etnia Warao concluíram, nesta quarta-feira, 14 de dezembro, o curso de Empreendedorismo Digital realizado pelo programa de qualificação profissional Donas de Si, da Prefeitura de Belém, por meio do Banco do Povo de Belém. A solenidade de culminância do curso contou com a presença do vice-prefeito Edilson Moura e da representante do escritório da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) em Belém, Janaína Galvão, entre outras autoridades, no Centro de Educação Profissional (CEP) Belém, do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), onde aconteceram as aulas.
“Não sei como expressar. Foi muito importante para mim ter feito o curso de Empreendedorismo Digital”, agradeceu a indígena venezuelana Mariluz Mariano, com dificuldades de falar em português. Ela foi a oradora da turma.
Direcionado a indígenas que estão inseridos na cadeia produtiva do artesanato e que estão interessados em expandir o acesso ao mercado consumidor com a ajuda de recursos da internet, o curso faz parte de um esforço coletivo envolvendo várias instituições para apoiar a independência econômica dos indígenas venezuelanos que escolheram Belém como nova casa. Durante o evento, os indígenas apresentaram bijuterias produzidas com miçangas e cestarias de palha produzidas por eles, além de apresentar um pouco mais da sua cultura com uma dança tradicional.
Também participaram do evento a coordenadora-geral do Banco do Povo, Georgina Galvão; o presidente da Fundação Papa João XXIII (Funpapa), Alfredo Costa; a gerente do CEP Belém, do Senac, Brenda Fortes; e a analista socioambiental do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB), que tem desenvolvido ações de incentivo à autonomia dos Warao em parceria com a Acnur, Clémentine Maréchal.
“A pessoa refugiada é como eu ou como vocês, que morava em seu país, estudava, trabalhava, vivia com a família, mas que por circunstâncias adversas, por graves e generalizadas violações de direitos humanos, por perseguições por distintos motivos tiveram que deixar o seu país e cruzar a fronteira internacional”, declarou Janaína Galvão. A representante da Acnur destacou ainda as dificuldades enfrentadas pelos refugiados.
“Quando a gente passa por um deslocamento forçado e chegamos nesse país de acolhida, que nesse caso é o Brasil, mais especificamente Belém, chega fragilizado, já tendo sofrido diversas violências, com muitas dificuldades para reconstruir a vida. É muito difícil conseguir ter uma vida nova quando estamos em isolamento, não falamos o idioma, não conhecemos os direitos, não sabemos que serviços acessar ou quem pode nos auxiliar”, disse.
O vice-prefeito Edilson Moura enfatizou que o conhecimento do mundo virtual é uma necessidade da vida contemporânea e destacou o empenho de vários órgãos para que o curso acontecesse. “Em nome do prefeito Edmilson Rodrigues, em meu próprio nome e em nome de todas as pessoas que compõem a Prefeitura de Belém, quero parabenizar todos vocês”, finalizou. Ele parabenizou o envolvimento de tantas instituições no atendimento aos Warao.
O pedido para a realização do curso partiu da Acnur e IIEB, conforme lembrou Georgina Galvão. O curso foi ministrado dentro do contrato que a Prefeitura mantém com o Senac, por meio do Banco do Povo, para a realização do programa de qualificação profissional Donas de Si.
“A nossa relação com os Warao vai para além dessa iniciativa. Numa outra abordagem com os Warao, estamos viabilizando o crédito solidário para a aquisição de equipamentos aos indígenas que fizeram curso de soldador de eletrodo revestido (pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará- IFPA). Eles estão fabricando grades e portões de ferro”, acrescentou a coordenadora-geral do Banco do Povo de Belém.
“Vocês já estão inseridos na nossa cultura do Pará”, observou Alfredo Costa. Além dos abrigos em que alguns Warao residem, algumas famílias estão sendo atendidas pelo programa de renda cidadã Bora Belém. “A educação transforma para melhor a vida das pessoas, dá vida aos sonhos e alimenta a alma de esperança”, concluiu o presidente da Funpapa.