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Indígenas venezuelanos cursam Empreendedorismo Digital via Prefeitura de Belém

• Atualizado há 2 anos ago

Quinze indígenas venezuelanos da etnia Warao iniciaram nesta quarta-feira, 16, o curso de “Empreendedorismo Digital”, realizado gratuitamente pela Prefeitura de Belém, por meio do Banco do Povo e do programa de qualificação profissional Donas de Si.

Os alunos já trabalham na cadeia produtiva do artesanato e esperam ampliar o acesso ao mercado com o aprendizado do curso. Eles residem em Belém, alguns nos abrigos municipais administrados pela Fundação Papa João XXIII (Funpapa).

O curso é resultado de uma articulação com a Agência da ONU para refugiados (ACNUR) e o Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB). As aulas são ministradas pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), que foi contratado pelo Banco do Povo.

A indígena Luíza Coper, que reside há oito meses na ilha de Outeiro com os quatro filhos, fala do preconceito enfrentado pela etnia, que dificulta o acesso ao mercado de trabalho. “Somos discriminados”, afirma.

A aluna Luíza Coper quer ampliar as chances de trabalho e renda.

Oportunidade

“Agradeço a todas as pessoas que organizaram esse curso”, diz o indígena Avilio Cardona, de 28 anos. “Vamos estudar empreendedorismo digital. Estou muito contente, vou aproveitar a oportunidade, porque quero seguir adiante e aprender mais para melhorar de vida e poder ajudar outras pessoas”.

Há três anos, ele mora em Belém com a esposa e a sobrinha e mora com ela no abrigo da Funpapa, no bairro do Tapanã.

Melhores condições

Outra aluna, a indígena Elisa Margarita Gonzales, de 26 anos, chegou há apenas sete meses na cidade, com dois filhos. Ela veio em busca de melhores condições de vida e reside em uma comunidade com outros Warao na ilha de Outeiro. Mas ela fala pouco o idioma português.

O aluno Avílio Cardona quer aprender mais para melhorar de vida.

Os alunos estão sendo acompanhados no curso pelo tradutor Rafael Chagas. “Desde o final de junho, eles estão aprendendo o português instrumental. Alguns já estão aqui há muito tempo e conseguem ter uma compreensão grande do idioma, mas algumas coisas acabam escapando ao entendimento. Estou aqui para ajudá-los a ter uma compreensão do curso”, explicou o tradutor.

A coordenadora-geral do Banco do Povo, Georgina Galvão, destacou que o aprendizado acontece por meio do contrato firmado entre a instituição e o Senac: “Vários deles têm no empreendedorismo individual as fontes de sobrevivência e buscaram apoio do Banco. Oferecemos a possibilidade de qualificação profissional por meio do contrato que temos com o Senac, que oferece a estrutura de ensino moderna. Além de trabalhar de forma intersetorial com a Funpapa, estamos inaugurando uma ótima parceria com a ACNUR e com o IIEB”, disse Georgina. 

A indígena Elisa Margarita quer expandir a venda com o curso.

Bolsa

A ACNUR garantiu uma bolsa para que os indígenas abrissem mão de outras atividades laborais para poder participar do curso. 

Tamajara da Silva, assistente sênior de campo da ACNUR Belém, explica que o curso visa a fortalecer as atividades de empreendedorismo já identificadas pelo IEEB, que há cerca de um ano desenvolve atividades de geração de renda com os Waraos.

“Hoje a venda deles é realizada basicamente nas feiras de Belém”, informa Tamajara. “Com o curso, o objetivo é dar outras ferramentas para que eles possam expandir os negócios”.

“Esse curso foi pedido pelos indígenas Warao”, explicou Elyene Souza, psicóloga do Centro de Inclusão Produtiva da Funpapa. “É muito importante que a atividade laboral faça sentido para eles. Enquanto assistência social, estamos todo o tempo acompanhando. É importante que eles consigam, por meio do empreendedorismo digital, fazer com que o trabalho deles seja reconhecido aqui em Belém”.

Curso

Instrutor Rigel pesquisou a realidade dos indígenas antes do curso.

O instrutor Rigel Abdala explicou que vai ensinar ferramentas do marketing digital para auxiliar os alunos na constituição do próprio negócio e também na autonomia no mercado.

“Vamos ensinar conceitos iniciais de empreendedorismo e marketing para depois expandir para o digital”, explicou. “Vamos mostrar algumas ferramentas, desde redes sociais até aqueles videoblogues, que possibilitam dar visibilidade, seja por um perfil no Instagram para a aproximação do empreendedor com o mercado e o cliente, seja com os próprios blogues em que eles possam contar a própria história, tirar dúvidas e descrever curiosidades sobre a cultura e o modo como eles vivem”, conta o professor.

Várias instituições se uniram para apoiar os Warao em Belém.

O curso terá aulas de segunda a sexta-feira, das 13h30 às 17h30, até o próximo dia 13 de dezembro, no Centro de Educação Profissional Belém (CEP Belém), do Senac.

A turma de indígenas Warao inaugura o novo ambiente da instituição, o Espaço Multimeios Didáticos, que é equipado com recursos computacionais para uso dos alunos, como notebooks e tablets, projetor, um quadro interativo equivalente a uma tela de celular gigante e óculos de realidade virtual.

“Tudo isso para oferecer um ambiente novo de tecnologias de informação em prol da formação do aluno enquanto profissional, mas também de prepará-lo para a vida em sociedade”, explica Rigel.

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