As mulheres vítimas de violência doméstica e familiar serão incluídas no programa de capacitação profissional “Donas de Si”, da Prefeitura de Belém, realizado por meio do Banco do Povo de Belém. Nesta terça-feira, 10, a coordenadora-geral do Banco, Georgina Galvão, respondeu positivamente à demanda apresentada pela juíza da 3ª Vara Criminal de Icoaraci, que atende também casos de violência doméstica e familiar contra a mulher e de crimes contra crianças e adolescentes, Cláudia Favacho. A conversa ocorreu na Câmara Municipal e contou com a participação da titular da Coordenadoria da Mulher de Belém (Combel), Lívia Noronha, sob a mediação da vereadora Lívia Duarte (PSOL).
Na reunião, a magistrada foi representada pela assessora Ierecê Guerreiro. Ela justificou que muitas mulheres vítimas de violência doméstica vivem em um ciclo de dependência psicológica e, principalmente, financeira para sobreviver. O objetivo é que as vítimas recebam um suporte para que possam ser inseridas no mercado de trabalho ou empreender, obtendo independência financeira.
“É plenamente possível incluir mulheres que venham dessa demanda (vítimas), seja nos cursos regulares, que já estão programados nos bairros, seja abrindo uma turma especial para elas”, explicou Georgina. No primeiro curso de processamento de frutas e produção de doces, o Donas de Si atendeu beneficiárias do programa de transferência de renda “Bora Belém”. Esse público será ampliado a partir dos próximos cursos que serão oferecidos.
Georgina Galvão entregou à representante da juíza o questionário multifinalitário para ser aplicado junto às mulheres atendidas por aquela vara judicial. Um dos objetivos do questionário é conhecer as necessidades de atendimento das mulheres, seja nas áreas da saúde, educação e outros, e identificar os desejos das mulheres sobre quais áreas desejam adquirir conhecimento e aprendizado.
Lívia Noronha destacou que as mulheres vítimas de violência são maioria entre os atendimentos psicossociais e de orientação jurídica realizados pela Combel. “Quase 100% dos casos envolvem filhos, o que reforça a condição da dependência financeira porque é mais difícil ter acesso ao mercado de trabalho”, disse. A coordenadora destacou a importância de criar um espaço infantil em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semec) que possa atender os filhos enquanto as mães assistem aulas do curso a ser realizado.
A vereadora Lívia Duarte disse que a reunião foi solicitada pela juíza Cláudia Favacho ao seu mandato parlamentar, que convidou o Banco do Povo de Belém para oferecer nova perspectiva a essas mulheres. “A gente percebeu que, ao final de todos os procedimentos que o Judiciário pode fazer (medidas protetivas), como patrulha Maria da Penha e abrigo, não restam perspectivas e a maioria delas não consegue romper (com o relacionamento). A Vara fará o mapeamento de quantas mulheres poderão ingressar de imediato no Donas de Si e em quais cursos, para a gente poder acionar outras políticas públicas, como apoio psicológico”, explicou.