Sentado num banquinho desde às 8 horas da manhã, seu Benedito da Costa, aposentado de 74 anos, esperava abrirem as portas do Restaurante Popular de Belém, localizado no bairro da Campina, nesta sexta-feira, 12.
A cena se repete em pelo menos duas vezes na semana na rotina do idoso, que mora sozinho, no bairro do Guamá. “Para quem ganha um salário mínimo como eu, gastar R$ 10 numa quentinha todos os dias é muito difícil. Por isso venho aqui, onde encontro uma boa refeição por apenas R$ 2”, conta seu Benedito.
Às 10h15, a fila em frente ao Restaurante Popular já era grande para abertura dos portões. A maioria trabalhadores do entorno, guardadores de carro, e pessoas em situação de rua. Mas tem gente que vem de longe para comprar refeições balanceadas e por um preço simbólico: R$ 2. Uma opção que serve de alento em meio à crise financeira proporcionada pela pandemia.
“Quando tenho alguma coisa para resolver no Centro, venho sempre comprar meu almoço aqui. A comida é boa, tem nutricionista, tem até sobremesa. Os meninos atendem muito bem a gente, o serviço aqui me agrada muito”, diz Antônio Magno, 73 anos, também morador do bairro do Guamá.
O Restaurante Popular de Belém é financiado por recursos do Fundo-Ver-o Sol. O órgão da Prefeitura Municipal de Belém trabalha para atender a população com o desenvolvimento de programas, projetos e arranjos produtivos locais, dentro da capital e nas ilhas e distritos da cidade.
Reforma
O serviço do restaurante é terceirizado por uma empresa com a qual o Fundo Ver-o-Sol tem contrato até julho. Uma nova licitação está sendo providenciada, mas as mudanças já começaram. Até o ano passado, o restaurante oferecia a venda de até 1 mil refeições diárias, servidas no próprio local. Mas com o avanço da pandemia, as quentinhas passaram a ser vendidas no sistema pague e leve. A quantidade oferecida, atualmente é maior, chega até a 1.2 mil refeições diárias.
O espaço é próprio da Prefeitura, mas este ano passará por reformas estruturais. A Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb), há 15 dias realizou uma visita técnica no local e avaliou as maiores necessidades estruturais do lugar. “Com a reforma, vamos melhorar os nossos serviços, ao oferecer uma refeição de baixo custo e qualidade, atendendo a uma parcela da população que foi muito atingida pelo desemprego e a falta de renda”, destaca a coordenadora geral do Fundo-Ver-o Sol, Georgina Galvão.
Com as pessoas tendo que levar suas refeições compradas, existe agora a preocupação com o aumento das embalagens descartadas na região. Mas a Secretaria Municipal de Saneamento ( Sesan) providencia a instalação de lixeiras na área, e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) irá fazer uma abordagem educativa da questão ambiental nos arredores, com folhetos e conversas.
Acolhimento
Cada marmita vendida no Restaurante Popular de Belém traz uma proteína, arroz, feijão, legumes, farofa, e uma fruta como sobremesa. Mas os serviços vão além de um simples prato de boa comida.
“Aqui é um trabalho não apenas nutricional, existe a preocupação com o acolhimento. Vendemos refeições a muitas pessoas que vivem nas ruas, idosos que moram sozinho. Este restaurante acaba tendo um trabalho social importante, e nos proporciona muito prazer”, pontua o nutricionista do espaço, Matheus Souza.
Serviço:
Restaurante Popular de Belém
Rua Aristides Lobo, 290
Funciona de segunda à sexta-feira, de 10:15 às 13 horas.
Texto:
Syanne Neno